quinta-feira, 22 de julho de 2010

Não percebo nada do que se passa aqui

Vir para aqui é tão difícil que de manhã custo a sair da cama. Já experimentei deixar o despertador longe, mas o resultado é igual. Toca, paro-o, toca paro-o, e assim se repete durante os 25 minutos que, a espaços de cinco, está programado para despertar. Depois, passo durante mais alguns pelo sono e perto da hora a que deveria sair de casa lá me consigo levantar.

É assim que poupo meia-hora todos os dias ao tempo para estar aqui. Hoje consegui ainda entreter-me em conversas de colegas, todas de como é horrível este sítio – que não sou a única a sofrer desse mal, aliás, acho que não há ninguém que não o sofra – e só uma hora depois do que é devido me sentei em frente a este computador. Felizmente um colega tinha-me enviado um email a pedir uns trabalhos que me entretiveram uma meia-hora. Não é todos os dias que tenho estas prendas.

Não entendo – ninguém entende – como é que me têm aqui sem nada – ou quase – para fazer. A desculpa de que a empresa se está a afundar e que não tem dinheiro para as indemnizações não me convence. Estou nesta situação há oito meses e o dinheiro de oito meses era suficiente para me terem mandado embora. Além de que dinheiro é o que não falta ao grupo. Esta empresa tem prejuízos mas o grupo não.

Depois, esta empresa tinha muito dinheiro, estava em crescimento em contraciclo com o mercado; as suas contas entortaram-se até começarem a dar prejuízo após terem mudado o director geral, que se encarregou de despedir, ou de fazer com que se despedissem, os principais responsáveis pelo sucesso que aqui se vivia.

Ninguém entendeu. Pensou-se que a nova administração da holding quereria ter alguém da sua confiança a liderar os destinos desta unidade de negócio. Mas assim que se viu a falta de talento de gestão empresarial e de gestão de recursos humanos e consequentes maus resultados da empresa ficámos à espera que fosse despedido. Mas não, não foi nos primeiros meses, não foi no primeiro ano e aqui continua já há três ou quatro, agora com resultados insultuosamente negativos, quando o resto do grupo tem resultados positivos.

Pois numa empresa assim, mantêm-me a mim, que sou válida e gosto de trabalhar e me empenho totalmente, sem nada para fazer, mantêm primos sem nada para fazer e a ganhar mais que quem trabalha, têm gente incapaz em lugares chave e noutros sem ser chave.

Será por não ter formação em economia nem em gestão que não consigo entender o que poderá estar subjacente a esta política? Já pensei em lavagem de dinheiro (que não percebo como se processa), será?

Mas no fundo quero lá saber o que se está a passar, já só queria que me tirassem daqui (ou que voltassem a fazer disto uma empresa. O que se passa aqui não é diferente do que se passa no Estado, com as cunhas – e inerente corrupção – a levarem o país à falência).

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