segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Este blog acabou

O motivo da sua criação acabou. O fulano que me pôs na prateleira foi para a rua acompanhado pela fulana que ficou com o meu trabalho. Eu estou de novo a produzir para o enrobustecimento da sociedade capitalista. Blagh!

Não o apago que não encontro onde o fazer. Fica para outra altura.

De qualquer forma este blog nunca foi às cores, não era esse o seu objectivo. As suas tonalidades variaram sempre entre o cinza muito escuro e o preto. Mudei o nome por sugestão, mas nunca o cumpri, porque a dor, o desalento, a raiva, a revolta foram muitas vezes avassaladoras.

Mas passou, tudo passa. Vou agora criar um blog onde possa dar a cara e falar de coisas bem mais bonitas.

Gostava que nunca ninguém passasse pelo que passei.

Que todos os seres se possam libertar do sofrimento. Que todos possam ser felizes, ter paz, ter amor.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sim, estou a doirar o cinza

Já há bastante tempo que não vinha ao meu blog. Na primeira semana de Setembro tive férias do tédio por férias da colega que me substituía e agora substituo eu. Depois fui eu própria de férias do local de trabalho. E só lhe posso chamar isso, que férias para mim é pegar numa tenda e ir em busca de cantos de rios e de salpicos de mar e desta vez foi necessário ficar. O pai estava no hospital à espera da libertação do corpo (quer dizer, estas palavras são minhas, nas dele estaria provavelmente à espera de qualquer coisa que lhe restituísse a vida, o convívio com a mulher, as filhas, os netos e os amigos; que lhe trouxesse de volta as caminhadas à beira-mar, a ginástica, as excursões). E, de facto, durante estas férias do trabalho tive a experiência, que não se repetirá, de deixar de ter pai.

Ó caraças, mas será que mesmo tendo mudado o nome ao blog a palete de cores não sai do negro – cinza?!

Há alturas e alturas e embora eu seja, de facto, mais para o blue, neste período da minha vida era difícil não o ser. Mesmo assim tenho conseguido doirar o blue umas vezes, outras aclará-lo de céu e de mar. Mergulhar no mar, deixar-me envolver pelo céu. E se o meu pai não me sai da cabeça, tenho conseguido voar com ele, com a suavidade de quem flutua o infinito doce. O infinitamente doce.

Voar em busca de Nibbana.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mais algumas coisas de mim

Eu sou a que queria praticar atletismo, ganhar corridas, subir ao pódio, receber medalhas, aplausos, chorar a ouvir o hino, ser campeã. Mas não pude. Era rapariga e o desporto, segundo o meu pai, não estava reservado para as raparigas. Já lhe perdoei, mas desfez-me o maior sonho da vida.

Como adorava ler e escrever decidi então ir para letras, mas a stora Laurinda, minha professora de português do 9º ano, disse-me que quem ia para Letras estava reservado para professor, e como eu sabia o que os professores sofriam desisti de tal vocação. Ela aconselhou-me então seguir jornalismo, que afinal também se escrevia.

Acabada a faculdade, arranjei trabalho em estudos de mercado, mais tarde em marketing, jornalismo é que nada. Depois um dia, lá pelos 35 anos, atirei às urtigas essas carreiras e resolvi dedicar-me à escrita por conta própria. Não tive êxito. Sou uma má patroa de mim mesmo. E foi assim que voltei ao mercado de trabalho nem como jornalista, nem como técnica de estudos de mercado, marketing ou relações públicas, que o meu prazo de validade tinha passado, mas como administrativa.

Era uma seca enorme. Mas acabei por ir arranjando coisas que me faziam “curtir” o que fazia e acabei por me tornar numa excelente “administrativa”. Na verdade de administrativa tinha sobretudo o nome.

Mas, existem sempre os mas, o meu karma não parece querer reservar-me grande gozo no trabalho, ou é uma karma de falta de jeito para ter gozo, houve alterações na estrutura accionista e os responsáveis desta empresa foram despedidos e substituídos por pessoas que ninguém consegue perceber quais os requisitos que preencherão para estarem aqui, já que tornaram uma empresa em expansão numa em queda acelerada, um bom relacionamento humano num ambiente horrível, e ao fim de três anos, com prejuízos, não os substituem. Pelo contrário, estas pessoas continuam a viver como se tudo corresse sobre rodas. Foram estes “rapazes” que me puseram na prateleira.

E é assim que uma alma gentil, amante do desporto, da natureza e da literatura, está encafuada numa multinacional mal cheirosa, submetida a gestores obscuros.

Oh caraças, quem me acode?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novo objectivo neste tempo de estar aqui

É, encontrei um novo objectivo para passar o tempo. Provar a incompetência destas pessoas naquilo que me é possível provar. Até me posso perguntar como é que não me tinha já lembrado disto. É tão fácil provar a incompetência em certos pormenores de números. Mas claro, não é uma coisa agradável e talvez esteja aí a justificação para tal ainda não me ter vindo à ideia. E também não me parece grande coisa para objectivo, sinto-me como se estivesse a entrar num jogo, o jogo que eles estão a jogar comigo, um jogo desprezível.

Tenho que falar disto com alguém. Parece-me totalmente legítimo fazer um levantamento das perdas resultantes de maus procedimentos, mas isso vai mostrar a incompetência clara de duas pessoas, o que não é agradável, mas piorar mais o que já existe será possível? E terei alguma coisa de bom com isso? Convém referir que essas pessoas são as que me tiraram o trabalho que tinha. O chefe que o tirou e a que o ficou a fazer em vez de mim. De bom espero ter tirarem-me da prateleira.

Que se lixe, vou em frente. Vou entrar no jogo. Só a ver se não me ponho com sentimentos de vingança nem qualquer coisa assim, que me faz mal.

Aaaahhhhhhhhh socorrooooooooooooooooooo!!!!!!!!!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sugestões de power...

... alguém as quer dar?

Onde é que está o meu power?

E voltou o chefe que me tirou o trabalho após a baixa, e voltou a rapariga que ficou com o meu trabalho – a quem eu tinha ensinado as coisas básicas para que ela as pudesse fazer nas minhas férias – e voltou tudo ao mesmo. A necessidade imperiosa de rentabilizar este tempo. Como é que posso aproveitar estas sete horas (SETE!) que tenho de estar aqui?

Outro dia lembrei-me de começar a fazer venda directa de produtos de boa forma. Andei uma semana entusiasmadíssima a escrever a toda a gente a divulgar a minha nova actividade. Acabei a divulgação foi-se-me o power. Que tal readquiri-lo? Afinal sempre dá para ganhar uns trocos.

Agora são os gatos. Arranjei um gato para a minha mãe, só que resolvi ficar com ele uns dias para matar saudades de ter gatos. Pronto. Apeguei-me. E o apego foi tão grande que andei tontinha para decidir se deveria ou não arranjar gatos para mim – há uns anos atrás tinha decidido não os ter porque dão trabalho. E lá decidi: sim, quero dois. Doizinho! E agora os gatinhos têm preenchido grande parte do tempo vago da minha cabeça.

Tenho desperdiçado tanta vida! Sim, desperdiçamos todos. Sim, pior do que desperdiçarmos vida é estragarmos a vida dos outros e do planeta. Estou só a desabafar, ok?!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O tédio foi de férias

Primeiro fui eu a ir de férias, agora 90% da empresa. Então que remédio tiveram estes filhos de cunha se não darem-me trabalho. Até parece que me mantêm cá só para as férias dos outros. Já lhes gritei: eu não quero um emprego, quero trabalho. Mas não serviu de nada. Preferem que eu tenha um emprego e nada para fazer. Bom, mas o que quis dizer é que o meu interregno nestes cinco dias semanais de sofrimento se tem devido, primeiro às minhas férias e agora às férias forçadas do meu tédio.

Pergunto: foi o mundo que ensandeceu ou fui eu? (Vai na volta fomos os dois.)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Tanto cansaço de estar aqui

Tanta coisa má pode nascer do cansaço de estar farto de se estar onde se está.

Tédio, vontade de desistir, raiva, ódio, violência, apatia. Porque é que o suicídio existe.

Como fizemos isto connosco?

Férias

Parto no fim do dia de hoje para uma semana de maravilhosas férias. Ok, não poderei sair de casa, vou desdobrar-me em consultas e em assistência à família, mas não estar aqui é maravilhoso, como se este local fosse o próprio Inferno – e será, um dos diversos infernos que, humanos, somos peritos em construir.

O que me deixa de rastos é esta impotência. Este não ser capaz de encontrar uma solução. Não conseguir sair daqui porque neste país já sou velha. E depois, não tenho o mínimo jeito para empreendedora – capitalista ou sei lá como chamar a isso. Já tentei. Não para ser rica, só mesmo para comer e dar de comer ao meu filho, dormir, e passear de borla na praia. Mas não consigo, não sou capaz. O dinheiro foge-me a sete pés.

Parto no fim do dia de hoje para nove dias seguidos de maravilhosas férias e estas partidas têm sido as melhores coisas deste meu trabalho nestes últimos meses. Eu que sempre me entreguei cem por cento. Eu que sempre tive o hábito e o gosto de trabalhar das nove às nove. Eu que sempre primei por fazer bem, cumprir prazos, dar a melhor imagem das empresas que tenho representado.

(Hummm será que Deus me está a castigar por defender quem usa e abusa dos outros?)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Não percebo nada do que se passa aqui

Vir para aqui é tão difícil que de manhã custo a sair da cama. Já experimentei deixar o despertador longe, mas o resultado é igual. Toca, paro-o, toca paro-o, e assim se repete durante os 25 minutos que, a espaços de cinco, está programado para despertar. Depois, passo durante mais alguns pelo sono e perto da hora a que deveria sair de casa lá me consigo levantar.

É assim que poupo meia-hora todos os dias ao tempo para estar aqui. Hoje consegui ainda entreter-me em conversas de colegas, todas de como é horrível este sítio – que não sou a única a sofrer desse mal, aliás, acho que não há ninguém que não o sofra – e só uma hora depois do que é devido me sentei em frente a este computador. Felizmente um colega tinha-me enviado um email a pedir uns trabalhos que me entretiveram uma meia-hora. Não é todos os dias que tenho estas prendas.

Não entendo – ninguém entende – como é que me têm aqui sem nada – ou quase – para fazer. A desculpa de que a empresa se está a afundar e que não tem dinheiro para as indemnizações não me convence. Estou nesta situação há oito meses e o dinheiro de oito meses era suficiente para me terem mandado embora. Além de que dinheiro é o que não falta ao grupo. Esta empresa tem prejuízos mas o grupo não.

Depois, esta empresa tinha muito dinheiro, estava em crescimento em contraciclo com o mercado; as suas contas entortaram-se até começarem a dar prejuízo após terem mudado o director geral, que se encarregou de despedir, ou de fazer com que se despedissem, os principais responsáveis pelo sucesso que aqui se vivia.

Ninguém entendeu. Pensou-se que a nova administração da holding quereria ter alguém da sua confiança a liderar os destinos desta unidade de negócio. Mas assim que se viu a falta de talento de gestão empresarial e de gestão de recursos humanos e consequentes maus resultados da empresa ficámos à espera que fosse despedido. Mas não, não foi nos primeiros meses, não foi no primeiro ano e aqui continua já há três ou quatro, agora com resultados insultuosamente negativos, quando o resto do grupo tem resultados positivos.

Pois numa empresa assim, mantêm-me a mim, que sou válida e gosto de trabalhar e me empenho totalmente, sem nada para fazer, mantêm primos sem nada para fazer e a ganhar mais que quem trabalha, têm gente incapaz em lugares chave e noutros sem ser chave.

Será por não ter formação em economia nem em gestão que não consigo entender o que poderá estar subjacente a esta política? Já pensei em lavagem de dinheiro (que não percebo como se processa), será?

Mas no fundo quero lá saber o que se está a passar, já só queria que me tirassem daqui (ou que voltassem a fazer disto uma empresa. O que se passa aqui não é diferente do que se passa no Estado, com as cunhas – e inerente corrupção – a levarem o país à falência).