quarta-feira, 21 de julho de 2010

Tédio

Tédio.

Nesta empresa vivo em tédio.

Tenho para fazer facturas ao contrário. Ninguém me dá mais nada. Ninguém me propõe mais nada. Ninguém quer saber se eu faço ou se não faço mais nada.

É difícil ter disposição para fazer facturas ao contrário.

E é difícil ter disposição para fazer outras coisas. Corroo-me em tédio.

Leio no computador, mas ler no computador ao fim de algumas horas faz doer os olhos. Escrever não me apetece que não consigo ter inspiração. Não consigo escrever cartas de amor ou de desamor, de desejos de amor ou de desejos de desamor, de anúncios em busca de quem me queira dar os abraços que o corpo inteiro pede.

Vontade imensa e inexorável de não estar aqui.

Corroo-me em tédio.

Como é estar bem onde se está? Como é estar bem com o que te tem? Como poderei estar bem tendo que estar aqui, com apenas facturas ao contrário para fazer das dez às seis?

Depressão. Como evitar a depressão que insiste em me puxar para o fundo, pelo corpo todo, entranhas incluídas, forças incluídas, desejo incluído?

Tédio.

1 comentário:

  1. Talvez o melhor remédio, ou pelo menos um remédio, para o tédio seja escrever, ou voltar a escrever. Cartas de amor, ou mesmo de desamor, desde que se escreva :-)

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